segunda-feira, 14 de março de 2011

O Segredo de Chico Xavier




Marcelo Lemos


Não sou muito fã de televisão, não que eu não goste, mas porque acho a coisa viciante, então, para meu próprio bem, fujo dela. De modo que, raridade das raridades, domingo passado, lá estava eu assistindo a ‘telinha’ (ou seria, ‘telona’?). Bem, cá entre nós, eu até tinha um bom motivo para gastar meu fim de noite na frente da TV: um baita jogo da NFL, e eu simplesmente adoro futebol americano. Porém, como nem tudo é perfeito, hora dos comerciais, e lá vou eu dar aquela famosa zapeada quando, pimba! - minha atenção se prende ao anuncio feito pelo apresentador do Fantástico: “Antes de morrer, Chico Xavier deixou um incrível segredo...”. 

Tendo recentemente escrito um artigo sobre o Chico, fui automaticamente ‘fisgado’ pela isca do programa Global e, totalmente a contragosto, abri mão dos brutamontes quebradores de vértebras, para assistir ao Fant... bem, vocês sabem o nome da aberração, né? Como a curiosidade foi maior que a volição, rendi-me por alguns minutos. Afinal, que segredo teria sido deixado por Chico Xavier antes de morrer? 

Para o caso de algum E.T. estar lendo estas linhas, contextualizo: o Brasil vive uma verdadeira febre “Chico Xavier”! Este homem foi simplesmente o maior médium espírita que o Brasil já conheceu, e, imagino, que um dos maiores em todo o mundo. Trata-se de um fenômeno tão gigantesco que milhões de dólares têm sido amealhados por aqueles que promovem o seu nome e história, seja na televisão, no cinema, ou em qualquer outro meio de comunicação. Só para ilustrar este fato, tenha em mente que entres os brasileiros mais cotados para a indicação ao Oscar 2011 estão: “Chico Xavier”, e “Nosso Lar”; este último, uma filmagem da obra de maior sucesso do médium, na qual, supostamente, ele recebe a história do médico André Luiz.

Voltando ao segredo de Chico, do que se trata? Segundo a reportagem, o médium, anos antes de morrer, pensou em uma senha, com a qual seus seguidores poderiam autenticar uma futura carta psicografada que ele enviaria do além-túmulo. A senha é formada por três palavras, cada uma delas confiada a três pessoas diferentes: uma esta com o filho adotivo, outra com seu médico pessoal, e a terceira com uma amiga. Segundo acreditam, caso encontrem as três palavras juntas numa carta psicografada, saberão que a mesma foi enviada por Chico.

Não é exagero afirmar que a mídia, quer por comprometimento ideológico, quer por simples percepção de mercado, esteja promovendo este grande avivamento espírita no Brasil. Todavia, alheia ao que ensinam as Sagradas Letras, a mídia não é capaz de se pronunciar sobre o verdadeiro segredo por trás de fenômenos como Chico Xavier: os demônios. Um segredo do qual, certamente, nem mesmo Chico tivera percepção durante sua vida, “e que não é maravilha, porque o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz” (II Cor. 11.14).

“Eu vejo gente morta!”

Quem não sentiu verdadeiro arrepio ao ouvir estas palavras da boca do angelical Cole Sear, o menino capaz de falar com os mortos, no fantástico filme de horror psicológico “O Sexto Sentido”? Poder ver e se comunicar com gente morta parece ser a maior sedução do espiritismo. A cada nova reunião médium, homens e mulheres, jovens e velhos, se reúnem com o objetivo de encontrarem consolo e orientação para a vida, as quais são recebidas por meio de contatos com entes queridos que ‘desencarnaram’. 

Durante sua vida, Chico Xavier atendia, literalmente, milhares de pessoas que formavam gigantescas filas diante de sua residência, em Uberaba, Minas Gerais. Todas elas, sem exceção, carregavam um único desejo: poder falar com gente morta.

Porém, existe uma verdade que permanece desconhecida por estes fascinados pela mediunidade; apesar de não se tratar de um segredo, pois a Bíblia o revela claramente, é um fato permanece como algo velado a estes, devido à cegueira espiritual, dado que “o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que não lhes resplandeça a luz do Evangelho da glória de Cristo” (II Cor. 4.4). Que verdade seria esta? 


Quando entrares na terra que o SENHOR teu Deus te der, não aprenderás a fazer conforme as abominações daquelas nações. Entre ti não se achará quem faça passar pelo fogo a seu filho ou a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro; nem encantador, nem quem consulte a um espírito adivinhador, nem mágico, nem quem consulte os mortos; pois todo aquele que faz tal coisa é abominação ao SENHOR; e por estas abominações o SENHOR teu Deus os lança fora de diante de ti” (Deuteronômio 18. 9-12).

Inquestionavelmente, todos que buscam o ‘mundo além túmulo’ pretendem agir conforme a vontade de Deus, e também encontrar, meio a esta busca, um jeito mais eficiente de fazer a Vontade de Deus. Com efeito, especialmente no Espiritismo, há uma valorização tão grande dos ensinamentos éticos de Cristo, que a conduta de boa parte deles deveria fazer inveja em muitos dos que se dizem “cristãos ortodoxos”. Todavia, boas obras não são suficientes, precisamos saber se o que acreditam é aprovado pelas Escrituras.

Outro fato incontestável é o grande poder de sedução da mediunidade. Em outro artigo, comentamos o sucesso do tema na televisão e cinemas. Este incrível poder de sedução não é algo novo, podemos encontrá-lo desde imemoriais tempos bíblicos. Por exemplo, apesar das severas punições que a Lei de Deus impunha contra os que praticavam a necromancia, um profeta Isaías abismado, repreende o povo de Israel pela loucura de não consultarem a Deus, preferindo, no lugar, consultar os mortos! Mas, questiona num misto de espanto e ironia, como poderão os mortos auxiliar os vivos? Não seria mais racional buscar auxilio no Deus Todo-Poderoso?


Quando, pois, vos disserem: Consultai os que têm espíritos familiares e os adivinhos, que chilreiam e murmuram: Porventura não consultará o povo a seu Deus? A favor dos vivos consultar-se-á aos mortos? À lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, é porque não há luz neles” (Isaías 8.19-20).

Não existe Luz, diz o Profeta, naqueles que nos induzem a uma prática que contraria a Lei do Senhor. Esta solene e terrível advertência se deu contra aqueles que propunham a consulta aos mortos. A proposta de tal consulta não se dava por mero capricho, estejamos certos; obviamente seus promotores apregoavam os benefícios de tal prática, quem sabe ilustrando-os com exemplos tirados das nações pagãs que os cercavam. Porém, existe um padrão maior para avaliarmos qualquer prática religiosa: “A Lei e ao Testemunho”. Significa que, por mais que algo nos pareça benéfico, e ainda que nos traga algum bem imediato, se não está de acordo com as Escrituras, deve ser rejeitado.

É provável que muitos estejam sendo embalados pela sedutora canção do Espiritismo, especialmente em momentos em que, como agora, há tanto fervor e promoção de seus ensinos. Ainda mais provável que uma multidão de fãs e seguidores de Xavier, esteja aguardando ansiosamente que os “protetores de seu segredo” consigam encontrar as “três palavras secretas” em algum dos muitos escritos psicografados, a fim de poderem, uma vez mais, receberem o auxilio de Chico. Mas, o verdadeiro segredo desta odisséia espiritual, permanece velado para os olhos desta incontável multidão: Chico jamais ensinou o Evangelho de Jesus, sua vida foi dedica a algo que a Lei de Cristo define como “abominação”. 

Estou ciente, caros amigos, que minhas afirmações sobre este tema soarão ofensivas para muita gente, inclusive para membros da minha família, por quem nutro sincero e profundo respeito, no entanto, creio não existir amor que se impeça de falar o que é verdadeiro. Peço aos senhores, em minha derradeira argumentação por hoje, que analisem o quanto a Doutrina Espírita difere dos ensinamentos de Jesus.

O Evangelho ensina que o homem precisa de Regeneração, ou Novo Nascimento


“Jesus respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus. Disse-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer? Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito. Não te maravilhes de te ter dito: Necessário vos é nascer de novo” (S. João 3. 3-7). 

Mas, de acordo com a Doutrina Espírita, o homem precisa apenas se evoluir moral e espiritualmente (o que se daria por meio de inúmeras reencarnações): 


“Segundo Allan Kardec, através das instruções dos Espíritos Superiores, a Terra é um planeta atrasado, de provas e expiações. Portanto, morada de Espíritos imperfeitos que necessitam de ajustes decorrentes de sua própria condição espiritual. Não se mandam pessoas sãs aos hospitais e a Terra é um grande hospital, onde habitam criaturas enfermas da alma para sua depuração através de suas experiências na matéria. As injustiças sociais são conseqüências do egoísmo e orgulho do homem atrasado. Com a evolução social e moral da humanidade, o homem aperfeiçoará suas leis e viverá numa sociedade mais justa e fraterna” (Portal Espírito).

O Evangelho ensina que a Vida Eterna é alcançada por meio da Graça de Deus: 

Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie; porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas” (Efésios 2. 8-11).

Não se pode negar que as boas obras estejam presentes no Novo Viver, todavia, segundo Paulo, a origem da nossa Salvação é a Livre Graça de Deus, em Cristo, e que por meio desta salvação, o homem é feito capaz de andar em novidade de vida: 


“somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras”. Mas, segundo o ensino do Espiritismo, a salvação é obtida mediante o esforço de cada ser humano: “Na verdade, o céu não se trata de um lugar demarcado, mas de um estado de perfeição espiritual conquistado individualmente pelo Espírito, através de seu constante esforço. O que vale dizer que uns apressam e outros retardam seu próprio progresso” (Portal Espírito).

O Evangelho ensina que para os incrédulos há uma Condenação Eterna: 


“Mas os céus e a terra que agora existem pela mesma palavra se reservam como tesouro, e se guardam para o fogo, até o dia do juízo, e da perdição dos homens ímpios” (II Pedro 3.7). “Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos” (S. Mateus 25.41). “Como labareda de fogo, tomando vingança dos que não conhecem a Deus e dos que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo; os quais, por castigo, padecerão eterna perdição, ante a face do Senhor e a glória do seu poder” (II Tes. 1. 8,9).

Na contramão, os Espíritos Superiores do Kardecismo, garantem que estes temores são infundados: 


“O inferno, ou trevas segundo a Doutrina Espírita, é um estado de consciência compartilhado por aqueles cujos defeitos e sentimentos ruins predominam em suas personalidades, que se inclinam ao mau e nele se comprazem. São apenas irmãos imperfeitos e ignorantes, que têm o inferno dentro de suas próprias consciências e que, através de novas oportunidades dadas pelo Pai Celestial, através de sucessivas experiências encarnatórias também alcançarão a perfeição” (Portal Espírito).

Poderíamos seguir citando outros exemplos, com as devidas comparações, mas, quero crer, os acima já são o bastante. Não se trata de desconsiderar a contribuição moral e social da Doutrina Espírita, mas sim, de verificar o que Cristo tem a nos ensinar sobre as doutrinas relacionadas. E, como demonstramos, o ensino bíblico sobre a necromancia, e também sobre os distintivos do Kardecismo, não é nenhum segredo: “abominação”. Entretanto, muitos seguem distraídos por outros segredos, e a Verdade do Cristo, que não é segredo, lhes permanece velada...


Marcelo Lemos é colaborador do Genizah. Visitem o seu ótimo blog Olhar Reformado.


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